PROJETOS POR
localidade

Desde o início de nossos trabalhos, a pesquisa científica aplicada foi sempre a ferramenta utilizada para lidar com os desafios socioambientais nos biomas brasileiros onde atuamos. Nossas ações acontecem na Mata Atlântica do Pontal do Paranapanema e de Nazaré Paulista, em São Paulo; e no Pantanal e Cerrado, no Mato Grosso do Sul; além de diversas Áreas Protegidas na Amazônia, por meio de nossos projetos temáticos. Também desenvolvemos iniciativas para melhoria de vida das comunidades nessas regiões, contribuindo com conhecimento e técnicas para uma produção agroecológica e sustentável. Todos os trabalhos são permeados por um componente essencial: a educação.

Veja os nossos avanços em 2018

PONTAL DO PARANAPANEMA

Bioma:
Mata Atlântica
Região:
Sudeste do Estado de São Paulo
1.910
pessoas beneficiadas

Desafio:
Desenvolver sistemas e metodologias de gestão de paisagens, equilibrando os ganhos socioeconômicos com a manutenção dos serviços ecossistêmicos e a conservação de espécies ameaçadas.

Ações inovadoras
para sobrevivência
do mico-leão-preto

#IPEPESQUISA

Nosso mais antigo trabalho de conservação da fauna é o Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto (Leontopithecus chrysopygus), que tem como objetivo garantir ao menos duas populações viáveis e autossustentáveis da espécie em toda a sua área de ocorrência, por meio de um habitat mais amplo, protegido e conectado. Com pesquisas científicas, o IPÊ vem desenvolvendo estudos e experimentos inovadores com esses animais, como o uso de rádio-colar com GPS, para ajudar na compreensão de seu comportamento e delinear caminhos para sua conservação.

Veja como o rádio-colar com GPS ajuda os pesquisadores a atuarem pela conservação do mico-leão-preto.

Outra ação inovadora, que acontece desde 2017, é a instalação de ocos artificiais para os micos. Os nest boxes serão implantados futuramente na área do corredor florestal restaurado na Mata Atlântica pelo IPÊ (que une o Parque Estadual Morro do Diabo à Estação Ecológica Mico-Leão-Preto). Por ser recém-plantada, a mata ainda não dispõe de ocos de árvores, essenciais para a espécie, que os utiliza como abrigo e dormitório. Para suprir essa carência, caixas de madeira foram instaladas e ajudam a monitorar o comportamento da espécie. Em 2018 foram implantados 12 ocos artificiais na área de vida de dois grupos de micos para teste de eficiência, totalizando 17 caixas no local.

O trabalho com ocos artificiais é feito em parceria com o Durrell Wildlife Conservation Trust e o Laboratório de Primatologia (LaP) da UNESP Rio Claro (SP), e tem apoio do Disney Conservation Fund e The Sustainable Lush Fund.

Outras espécies também usam os ocos artificiais. Veja aqui

Luis Palácios Foto: Arquivo IPÊ Foto: Arquivo IPÊ

Com o projeto dos ocos artificiais, obtivemos, em 2018:

200

registros de animais
se aproximando
ou usando os ocos
artificiais

12

espécies de animais
identificadas usando
os ocos: 3 aves,
5 marsupiais, 2 roedores
e 2 primatas

20

registros
de eventos
exploratórios dos
micos com as caixas

Apresentação da análise
preliminar do uso de
caixas pelos micos no 27º
Congresso da Sociedade
Internacional de
Primatologia em Nairóbi
(Quênia)

Treinamento multiplica conhecimento sobre o mico-leão-preto

No ano, os pesquisadores também continuaram o monitoramento de três grupos de micos: um no fragmento Fazenda Santa Maria e dois no Parque Estadual do Morro do Diabo. Dois grupos tiveram dados coletados para pesquisa de área de vida e seleção de dormitório, e o terceiro, para estudos de dispersão de sementes. Os dados sobre a seleção dos dormitórios foram analisados em parceria com o professor Mark Boyce da Universidade de Alberta (Canadá), e um paper está sendo finalizado para publicação.

Como forma de multiplicar o conhecimento sobre a espécie, o programa de conservação também treinou dois alunos do Laboratório de Primatologia (LaP) da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Rio Claro. Um deles é Giovana Cristina Magro de Souza, estudante de Ciências Biológicas da Unesp, que hoje analisa se os besouros coprófagos (que removem massas fecais em áreas de pastagens) enterram as sementes presentes nas fezes dos mico-leões-pretos, os fatores envolvidos nisso, e a importância dessa interação para o ecossistema.

“Este trabalho apoia a conservação do mico-leão-preto no sentido de mostrar as relações que esse primata tem com a natureza e, assim, mostrar a importância dele dentro de seu habitat. Participar do projeto me proporcionou uma experiência de campo e de estar em contato com a realidade do mico, de entender melhor o animal e de saber melhor como fazer um trabalho de campo com primatas.”

Giovana Cristina Magro de Souza, estudante de Ciências Biológicas da UNESP e aluna de iniciação científica.

Mudas indicam que micos-leões-pretos
são dispersores de sementes

Levamos educação ambiental para mais de 1,5 mil estudantes

#IPEEDUCAÇÃO

Nosso Programa de Educação Ambiental "Um Pontal Bom para Todos", com apoio da Disney Conservation Fund para o Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto, levou informação ambiental a mais de 1,5 mil estudantes de municípios localizados próximos aos fragmentos da Estação Ecológica (ESEC) Mico-Leão-Preto, em uma região prioritária para a conservação da Mata Atlântica.

Em 2018, além de palestras, vídeos e oficinas de arte sobre o mico-leão-preto e seu habitat, a atividade mais aguardada pelos alunos foi a caminhada na Trilha do Morro, no Parque Estadual Morro do Diabo, como

Foto: Arquivo IPÊ

aconteceu com mais de 100 estudantes de ensino fundamental da Escola Estadual João Pinheiro Correia, da cidade de Rosana (SP).

Ao longo do ano, também realizamos capacitações de professores da rede pública sobre como aplicar o conteúdo socioambiental na sala de aula e aproximar os alunos da biodiversidade local.

Foto: Arquivo IPÊ

40 voluntários plantaram 2 mil árvores em estação ecológica

#IPEREFLORESTA

O mutirão de plantio com espécies da Mata Atlântica foi feito na Estação Ecológica Mico-Leão-Preto, em Teodoro Sampaio e Euclides da Cunha Paulista (SP). O reflorestamento na estação ecológica é parte de um projeto sobre mudanças climáticas chamado Climate Crowd, que tem apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da organização internacional WWF.
Esse plantio é parte das estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas elaboradas após um levantamento feito em 2017 sobre a percepção de moradores e trabalhadores na área rural a respeito do clima.

Foto: Arquivo IPÊ

Eles associaram o fenômeno à falta de sazonalidade nas estações do ano, ao desaparecimento e mortalidade de espécies e ao avanço de pragas.
A estação ecológica, com 6.680 hectares, e o Parque Estadual Morro do Diabo, com 33.845,33 hectares, formam o maior pedaço de Mata Atlântica que restou no interior paulista. As duas áreas são conectadas por um grande corredor reflorestado pelo IPÊ.

Foto: Arquivo IPÊ

Viveiros geram benefícios para comunidades

#IPEREFLORESTA #IPECORREDORES #IPEGERAÇÃODERENDA

Em 2018, oito viveiros comunitários instalados em diferentes assentamentos produziram aproximadamente 800 mil mudas e beneficiaram 40 pessoas diretamente.

Fruto de um trabalho de mais de 20 anos do IPÊ, o Corredor de Mata Atlântica, localizado no Pontal do Paranapanema, é o maior já reflorestado no Brasil. Plantado na área de Reserva Legal da Fazenda Rosanela, o corredor tem hoje mais de 2,7 milhões de árvores plantadas e 20 quilômetros de extensão, que conectam o Parque Estadual Morro do Diabo e a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto.

A conexão ajuda na conservação da biodiversidade local e de espécies ameaçadas de extinção, como o mico-leão-preto e a onça-pintada. A iniciativa responde ao desafio da fragmentação florestal, resultado de uma ocupação sem critérios do Pontal do Paranapanema.

Foto: Luis Palácios

Hoje essa região possui apenas 1,85% da cobertura vegetal original. Em 2019, está prevista a sua ampliação com o corredor Norte.

Além do componente de restauração, o IPÊ busca uma integração da iniciativa com a comunidade, para gerar benefícios socioeconômicos. Os viveiros comunitários, por exemplo, ajudam com a diversificação das atividades dos agricultores locais, por meio da produção e da comercialização de mudas de árvores nativas da região e exóticas para reflorestamento. Aproveitamos essa ação para promover educação ambiental e capacitação técnica dos agricultores dentro dos princípios do associativismo e da agroecologia.

Foto: Arquivo IPÊ

Sistemas agroflorestais: sombra, floresta e alimento

#IPESAFS #IPEEDUCAÇÃO #IPEGERAÇÃODERENDA

Com os nossos projetos de Sistemas Agroflorestais (SAFs), incentivamos os agricultores familiares em assentamentos rurais de reforma agrária a cultivar culturas anuais e perenes variadas, como as frutíferas, entre árvores nativas da Mata Atlântica, em sistemas produtivos sustentáveis.

A diversidade nos plantios traz riqueza e benefício ecológico, promove a recuperação do solo e diversificação produtiva e colabora com a geração de renda do produtor. É ainda uma estratégia para a recomposição da paisagem local, já que as áreas com esse sistema servem como trampolins ecológicos, que facilitam o trânsito da fauna e a dispersão vegetal entre os fragmentos florestais e ajudam na reconexão do bioma.

Diversos são os depoimentos de participantes do projeto que veem a diferença no seu lote em termos não só de alimentos, como de animais que já aparecem no local. Esse é o caso de Francisco de Assis Bella da Silva, morador da região de Euclides da Cunha Paulista há 20 anos.

Francisco é um dos 51 agricultores que participam desde 2015 na fase de ampliação dos projetos de SAF, quando o IPÊ investiu na implantação de frutas e leguminosas para enriquecimento dos lotes. Cada agricultor reservou 1 hectare de sua área para testar a novidade. Em 2018, após as etapas de capacitações e implementações, o IPÊ manteve o trabalho de assistência técnica e extensão rural aos participantes.

O principal desafio é escoar essa produção a um preço justo, já que, além de contribuir com a natureza, os alimentos são produzidos sem agrotóxicos.

Francisco de Assis Bella da Silva traduz com
encantamento a função dos trampolins
ecológicos em seu lote

O sistema agroflorestal (SAF) promove:

  • Ganhos econômicos com serviços ecossistêmicos (polinização, melhoria do solo, equilíbrio entre pragas e doenças)
  • Diversificação da produção para consumo próprio e para comercialização em mercados, feiras e programas de compras governamentais
  • Redução de gastos com alimentos para as pessoas e para os animais, e com remédios para bovinos

SAF traz diversificação de alimentos mais saudáveis

Valdomiro de Castro das Mercês (mais conhecido por Miro), do assentamento Ribeirão Bonito, divide com a filha o trabalho no lote com SAF. Ali, plantou café, banana, laranja, milho, mandioca, feijão e graviola. Miro vive no assentamento há 36 anos e plantou suas primeiras mudas de café com floresta há dez anos. Hoje vê vantagem por causa da economia que o SAF traz para a família. Veja o depoimento de Miro e também de Serafim Pereira da Silva.

Valdomiro de Castro das Mercês (mais conhecido
por Miro), entusiasta do SAF, explica por que
quer ampliar esse sistema em sua propriedade
Serafim fala dos alimentos mais saudáveis
que produz agora

Videoaulas sobre sistema agroflorestal

Para ampliar o conhecimento sobre esse modelo de produção, publicamos uma série de videoaulas sobre como implementar SAFs. As aulas já tiveram mais de 27 mil visualizações.

NAZARÉ PAULISTA - SISTEMA CANTAREIRA

Bioma:
Mata Atlântica
Região:
Sudeste do Estado de São Paulo
E Sul de minas gerais
1.093
pessoas beneficiadas

Desafio:
Conservar os serviços ecossistêmicos dessa região prioritária para a proteção da Mata Atlântica, por meio da aplicação de pesquisas científicas e envolvimento da comunidade, com foco nos recursos hídricos e remanescentes florestais.

Projeto "Semeando Água" promove conservação dos serviços
ecossistêmicos

Com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, o projeto ¨Semeando Água¨ tem como foco a recuperação dos serviços ecossistêmicos em uma área prioritária da Mata Atlântica, a região do Sistema Cantareira, que abastece 7,6 milhões de pessoas com água, além de servir indústrias e produções agrícolas. A iniciativa ajuda a promover o manejo adequado das pastagens para proteção da água e a conservação e restauração florestal na margem de nascentes e rios.

Na primeira edição do projeto (2013 - 2015), foram implantados 15 hectares com 10 modelos de baixo custo de restauração florestal, 34,8 hectares de manejo de pastagem ecológica e realizadas capacitações e campanhas de sensibilização para a conservação dos recursos hídricos. Atualmente, estamos na segunda fase do projeto, que vai até o final de 2019

Em 2018, 15 hectares foram restaurados em Áreas de Preservação Permanente (APPs) hídricas, com o plantio de 25 mil mudas e a manutenção de 10,39 hectares de áreas de nascentes, topos de morro e margens de rios e represas.

Conheça os desafios para a segurança
hídrica no Sistema Cantareira

Lideranças firmam compromisso e plano de ação pelo Cantareira

Foto: Arquivo IPÊ

Realizado pelo "Semeando Água", o I Encontro para Segurança Hídrica no Sistema Cantareira representou um momento-chave do projeto, com o fortalecimento da articulação entre produtores rurais, pesquisadores, representantes da iniciativa privada e da esfera governamental. A reunião resultou em uma carta de intenções para o Sistema Cantareira e um plano de ação, visando o incremento prático de ações que influenciem políticas públicas em prol de um objetivo comum: a segurança hídrica do Sistema Cantareira.

TV Vanguarda mostrou o encontro em reportagem sobre a segurança hídrica do Cantareira.

Capacitações disseminam práticas sustentáveis

Com apoio do projeto "Semeando Água", 35 hectares de manejo de pastagem foram implementados em 2018 nas fazendas Santa Cruz (Joanópolis), Cravorana (Piracaia) e Serrinha (Bragança Paulista) e agora servem de exemplo para quem quer fazer o mesmo em sua propriedade. Esse é um modelo de prática sustentável, baseado no conhecimento científico, que ajuda os produtores rurais a aumentar a renda e a ampliar a conservação dos recursos hídricos.

O extensionismo rural é uma das nossas expertises mais importantes, por estar relacionada à educação, base da transformação socioambiental. Na região do Sistema Cantareira, cursos de capacitação voltados aos produtores rurais possuem papel central na conservação do solo e da água. Em 2018, foram dois cursos, que beneficiaram 35 pessoas.

Ingridi Natália da Silva, produtora rural de Bragança Paulista, participou do curso Restauração Ecológica e Sistema Silvipastoril, realizado em parceria com a ELTI Environmental Leadership & Training Initiative

Veja o depoimento de Sonia Akemi Yamamoto, engenheira agrônoma que participou do curso Agroecologia - produção sustentável no Sistema Cantareira realizado com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal. O curso foi uma parceria do Projeto Semeando Água com Karin Hanzi, do Epicentro Dalva.

Educação e comunicação para conservação da água em 2018

  • No ano, o "Semeando Água" esteve em 14 eventos, chamando a atenção da população sobre a escassez de água, e fez a distribuição de 920 mudas nativas para sensibilização
  • Nas redes sociais, mais de 7,9 mil pessoas interagiram e repercutiram as informações sobre o Sistema Cantareira
  • Lançamos videoaulas sobre manejo de pastagem e restauração florestal

Veja mais sobre as ações de educação ambiental aqui .

Videoaulas - Semeando Água

8º Fórum Mundial da Água tem participação do IPÊ

Foto: Arquivo IPÊ

Além da presença do estande da iniciativa no principal evento de discussão sobre a questão hídrica no mundo, a equipe do projeto "Semeando Água" integrou também a programação da Arena Petrobras, patrocinadora do projeto, durante o 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília.

O coordenador do projeto, Alexandre Uezu, explicou que as mudanças climáticas estão afetando o ciclo hidrológico e que, para atingir as metas de mitigação e adaptação propostas internacionalmente, é preciso considerar escalas menores de atuação (locais e de paisagem), como faz o projeto no Sistema Cantareira.

O “Semeando Água” participou também da programação no estande do Consórcio PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) com a palestra ¨Informações e capacidades necessárias à gestão integrada de recursos hídricos¨, com Simone Tenório, responsável pela área de Políticas Públicas do projeto.

Viveiro Escola IPÊ oferece contato com temas socioambientais

Foto: Arquivo IPÊ - Ilana Bar

Nosso Viveiro Escola tem uma história de mais de 15 anos em Nazaré Paulista (SP). Com a área cedida pela prefeitura da cidade, produz mudas de espécies nativas para fins de reflorestamento. O viveiro também proporciona um meio de contato com o tema socioambiental e de restauração, tão importante, já que a cidade é estratégica para a Mata Atlântica e para os recursos hídricos do Sistema Cantareira.

Só em 2018, foram produzidas 40 mil mudas de 30 espécies e doadas 1.680 mudas na comunidade. Com vendas no viveiro e em eventos, foram comercializadas 10.987 mudas e arrecadados R$ 23.015, que foram reinvestidos na continuidade do projeto.

Projeto renova coleção com bordadeiras

Foto: Arquivo IPÊ

O projeto “Costurando o Futuro”, que acontece desde 2002, gerou renda anual extra, para cinco famílias de bordadeiras, de R$ 11.869,80. Ao todo, o projeto movimenta uma cadeia que beneficia diretamente 35 pessoas.

A iniciativa cria uma alternativa de geração de renda para um grupo de mulheres da área rural que, ao longo dos anos, foram capacitadas em bordado e costura, precificação, técnicas de vendas e participação em eventos.

Em 2018, com apoio voluntário da designer Simone Nunes, uma oficina para criação de novas peças para a coleção do IPÊ foi realizada, com estampas para bolsas, máscara, babador e body, inspiradas nos animais e na floresta. As mulheres resgatam um pouco de sua história e sua visão sobre a natureza. Os produtos podem ser encontrados na loja do IPÊ.

Foto: Arquivo IPÊ
Foto: Arquivo IPÊ

PANTANAL E CERRADO

Bioma:
Pantana e Cerrado
Região:
Mato Grosso do Sul
4.195
pessoas beneficiadas

Desafio:
Desenvolver ações para conservação da anta brasileira, do tatu-canastra e do tamanduá-bandeira nesses biomas.

ANTA BRASILEIRA - O MAIOR ESTUDO MUNDIAL SOBRE A ESPÉCIE

#IPEPESQUISA #IPECIENCIA #IPECIENCIAAPLICADA

Foto: Arquivo INCAB-IPÊ


A Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB) é o maior estudo sobre antas do mundo. Nesse trabalho com a anta brasileira (Tapirus terrestris), desde 1996, a equipe esteve em contato com 156 indivíduos, entre capturas, recapturas, remoção de coleiras, coleta e processamento de dados, incluindo animais da Mata Atlântica, do Cerrado e, na maioria, do Pantanal.

Um total de 100 antas (25 na Mata Atlântica, 52 Pantanal e 23 no Cerrado) foram equipadas com colares de telemetria e monitoradas por longos períodos, e esse trabalho deu origem ao maior banco de dados sobre esse animal.

Disponíveis a cientistas de todo o mundo, os dados têm sido amplamente utilizados para influenciar tomadores de decisão e políticas de conservação da espécie, tanto no Brasil quanto em outros países onde ela ocorre.

No Pantanal, as pesquisas completaram 10 anos em 2018 e contam com importantes parcerias, como a da fazenda Baía das Pedras, em Mato Grosso do Sul.

Confira o depoimento da proprietária do Baía das Pedras,
que tem parceria de 10 anos com a INCAB

Pesquisadores fizeram análise da idade das antas

#VOLUNTARIADO #IPEPARCERIAS

Foto: Arquivo INCAB-IPÊ

A pesquisa com as antas é realizada no Pantanal, ne região da Nhecolância (MS), e no Cerrado. Também já foram realizadas pesquisas na Mata Atlântica (de 1996 a 2008), no Pontal do Paranapanema e, em 2019, vão se expandir para a Amazônia, contemplando, assim, a maioria dos biomas brasileiros.
Em 2018, foram realizadas 12 expedições de captura, incluindo três no Pantanal - com a captura de 12 novos indivíduos e 20 recapturas (antas que já haviam sido monitoradas anteriormente) - e nove no Cerrado, com quatro recapturas. Durante as expedições, os pesquisadores fazem o monitoramento da ecologia espacial, de interações intraespecíficas e de dispersão dos animais, utilizando ferramentas como colares GPS. Nessas ocasiões, também são realizados estudos de saúde e genética das antas. Uma novidade do ano foi o início das análises da idade das antas amostradas ao longo dos anos de pesquisa, por meio das arcadas dentárias.

As amostras de tecido coletadas são analisadas com o Laboratório de Evolução Animal e Genética da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), para estudar o parentesco genético e genética de populações. Os estudos da INCAB sobre a saúde das antas foram finalizados em 2018. Em 2019, os resultados laboratoriais serão compilados, analisados e publicados. Quatro estudos de saúde também serão realizados com: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (nutrição); zoológico de Chester, na Inglaterra (estudo de estresse); Universidade de São Paulo / Unesp (estudo de parasitas sanguíneos); e, veterinário Ariel Canena (escore corporal através de fotos e vídeos de armadilhas fotográficas).

Foto: Arquivo INCAB-IPÊ
Foto: Arquivo INCAB-IPÊ

Dados aplicados para conservação

Em 2018, os dados das pesquisas da INCAB alimentaram dois processos de conservação muito importantes no Brasil: a Lista Vermelha Brasileira de Espécies Ameaçadas e o Plano de Ação Nacional para Ungulados Ameaçados (incluindo antas, queixadas e veados). Patrícia Medici, idealizadora da INCAB, coordenou os dois processos de criação da lista e do plano, em parceria com o ICMBio. Uma grande conquista, fruto do esforço de anos de pesquisa.

Projeto influencia debates e políticas públicas no Cerrado

No ano, a INCAB finalizou o processo de coleta de dados no Cerrado e trabalhou intensamente na avaliação destas e de outras informações levantadas ao longo dos anos. Até 2019, serão analisados os dados sobre conflitos entre humanos e antas, para compreender o impacto da caça ilegal e criar ações para redução deste problema. Dados sobre atropelamentos em rodovias e efeito de agrotóxicos, as maiores ameaças da anta no bioma, já são usados em debates e criação de políticas públicas.

Foto: Arquivo INCAB-IPÊ

Atropelamentos: medidas para proteção

Em menos de seis meses (fevereiro-julho/2018), a INCAB registrou na Rodovia MS-040 - que liga a capital do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, ao município de Santa Rita do Pardo - um total de 289 animais atropelados. Destes, morreram 14 antas e algumas outras espécies seriamente ameaçadas de extinção.

Em fevereiro, durante reunião técnica realizada pelo Ministério Público Estadual (MP) e pesquisadores, ficaram estabelecidas metas de atuação por parte dos órgãos governamentais relevantes - a AGESUL  (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de MS) e a IMASUL  (Instituto de Meio Ambiente de MS) – na busca por soluções para os atropelamentos de animais e consequentes perdas de vidas humanas. Um estudo técnico e um Plano de Mitigação detalhados já foram entregues aos órgãos, porém, eles não deram sequência na implementação e uma Ação Civil Pública foi instaurada pela 34ª Promotoria de Justiça, responsabilizando o Estado de Mato Grosso do Sul, IMASUL, AGESUL e as empresas que realizaram as obras de pavimentação da MS-040.



A Ação Civil teve os pedidos liminares negados e o MP recorreu da decisão. Essa ação pede que os réus sejam condenados a implantar todas as medidas previstas no Plano de Mitigação apresentado, no prazo de um ano, sob pena de multa, e que Estado e IMASUL sejam obrigados a elaborar estudos e aprovar normas para aperfeiçoar o licenciamento ambiental de construção, pavimentação, duplicação ou reforma de estradas e rodovias no estado. A ação civil contou com uma petição assinada por mais de 5 mil pessoas. Em 2019, a INCAB dará continuidade à pauta.

Agrotóxicos: espécie sentinela, anta sofre riscos à saúde

Pesquisa da INCAB lançada em 2018 revelou que as antas estão sofrendo sérios riscos de saúde no Cerrado do Mato Grosso do Sul (MS). O resultado impulsionou uma "semana denúncia" nas redes sociais do IPÊ e da Iniciativa, com informações sobre os riscos dos agrotóxicos para a saúde da fauna silvestre e dos humanos.  “A anta atua como uma ‘espécie sentinela’, capaz de demonstrar os riscos presentes no meio ambiente onde vivem outras espécies da fauna, animais domésticos e comunidades rurais”, afirma Patrícia Medici, coordenadora da INCAB.

A anta é uma espécie extremamente importante para a manutenção dos ecossistemas onde vive, exercendo um papel fundamental na dispersão de sementes e conexão entre diferentes habitats, e o Cerrado é um dos biomas mais ameaçados do Brasil. É uma corrida contra o tempo para que esses animais sobrevivam nesse ambiente tão fortemente impactado pela influência humana.

Educação ambiental levou informação a mais de mil estudantes

#IPEEDUCAÇÃO

A INCAB, em 2018, promoveu atividades educacionais a mais de 1.000 estudantes de escolas rurais e urbanas e a 25 fazendeiros e 800 pequenos agricultores em seis assentamentos de sem-terra, no Mato Grosso do Sul. As atividades incluíram apresentações, distribuição de folhetos educativos e eventos como a Semana Brasileira do Meio Ambiente (junho), Dia Nacional do Cerrado (setembro), Dia do Pantanal (novembro), entre outros.

O currículo educacional criado pelo projeto, com base nas antas brasileiras, em parceria com o Tapir Specialist Group SSC / IUCN será apresentado ao Ministério da Educação e Secretarias Estaduais de Educação para inclusão como parte do currículo formal nas escolas primárias.

Saiba mais sobre o trabalho realizado pelo Tapir Specialist Group SSC/IUCN

Mais conhecimento para jovens veterinários

O trabalho com as antas também chegou a cerca de 2.000 alunos de graduação e 300 estudantes de pós-graduação de programas de conservação, por meio de palestras e apresentações em universidades nacionais e internacionais. Além disso, a INCAB desenvolve um abrangente Programa de Treinamento Veterinário que oferece capacitação para dezenas de veterinários de animais selvagens e, em 2018, oito profissionais participaram.

Em quatro anos, esse projeto também realizou o programa de intercâmbio / treinamento profissional patrocinado pelo Tapir Specialist Group TSG SSC/IUCN. Em quatro anos, esse programa conseguiu hospedar 17 bolsistas de nove países.

A bióloga colombiana Juliana Velez foi treinada pela INCAB em 2016, assim como o veterinário David Rodriguez, em 2018.

"Participar do Programa TSG Fellowship nos permitiu aprender protocolos de pesquisa desenvolvidos em mais de 20 anos de trabalho de campo da INCAB. Nossa experiência durante as expedições de campo foi fundamental para iniciar um projeto de pesquisa sobre a ecologia do movimento e uso de habitat de antas de terras baixas na região da Orinoquia colombiana. Também nos ajudou a pensar sobre a importância da condução do trabalho interdisciplinar, incluindo o uso veterinário no desenvolvimento de avaliações de saúde da vida selvagem."
Juliana Velez, bióloga

Outras realizações pelas antas

Foto: Arquivo INCAB-IPÊ

Turismo científico
Em 2018, a INCAB realizou palestras para 45 visitantes da fazenda Baía das Pedras, onde a pesquisa do Pantanal é realizada. Também recebeu voluntários de zoológicos da Holanda, Reino Unido e Estados Unidos para seu programa de Turismo Científico.

Contra estereótipos
A iniciativa #ANTAÉELOGIO foi uma ação nas redes sociais que chama a sociedade a aprender mais sobre o animal e batalhar contra o estereótipo de que o nome "anta" significa um ser de inteligência inferior.

Acompanhe a INCAB
A INCAB também busca pautar veículos de imprensa, levando os resultados do seu trabalho, que pode ser acompanhado pelas redes sociais da Iniciativa, no Facebook, Instagram, Twitter e no Youtube. Siga!

TATU-CANASTRA – FOCO NO MAIOR TATU DO MUNDO

#IPEPESQUISA #IPECIENCIA #IPECIENCIAAPLICADA

O Projeto Tatu-Canastra, realizado no Mato Grosso do Sul, é um trabalho de longo prazo que investiga a ecologia e biologia da espécie (Priodontes maximus) e sua função no ecossistema para propor ações para a sua conservação. É a maior espécie de tatu que existe (por isso é também conhecido por tatu gigante) - pode alcançar até 150 cm e pesar até 50 quilos - e está classificada como Vulnerável pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN/SSC.

No Brasil, além do Pantanal e Cerrado, o tatu-canastra está presente na Floresta Amazônica e na Mata Atlântica. Nos Pampas, é considerado extinto e não há registros da espécie na Caatinga. Para protegê-lo, o projeto atua em diferentes frentes integradas: pesquisa científica, educação ambiental, treinamento e capacitação, e comunicação.

Em 2018, um dos grandes objetivos do projeto foi cumprido: a participação da listagem vermelha nacional e da criação de um plano de ação no país para os tatus-canastra. O plano de ação é composto por 8 objetivos e 31 ações, e deve estar pronto para implementação em março de 2019.

Veja os destaques do projeto do Tatu-Canastra por biomas

No Pantanal: estudos sobre reprodução da espécie

No Pantanal, o trabalho é executado na fazenda Baía das Pedras, onde 29 tatus foram monitorados desde 2010. Em 2018, a meta foi a recaptura dos sete tatus-canastra atualmente estudados. Um total de 11 procedimentos foram realizados para colocação de GPS.

Em 2019, o projeto vai testar um novo sensor de atividade dentro do dispositivo GPS para avaliar dados que contribuam para entender e publicar artigos sobre ecologia espacial e uso de habitat, reprodução e maturidade sexual.

No Cerrado: avaliação de densidade

No Cerrado, em 2018, foram realizadas seis campanhas de campo na área de estudo da rodovia MS-040 para avaliar as densidades de tatu-canastra na região. O trabalho ocorreu em 30 propriedades rurais, em um total de 60 paisagens. Foram obtidos 23 registros (38%) nas 60 paisagens amostradas, perto e distante da rodovia.

Em 2019, estão previstas seis campanhas de campo na área de estudo da rodovia BR-267. Os resultados serão então comparados com os dados da região MS-040 e servirão para o mapa de distribuição, ajudando a estimar o número de tatus gigantes no Cerrado do estado.

Em outra área de estudo, na Reserva Cisalpina, o trabalho de campo para monitorar a população de tatus continuou em 2018. A pesquisa será ampliada em 2019, e a educação ambiental também será prioridade.

Na Mata Atlântica: últimos refúgios

Há menos de 10 anos, foram encontrados registros de tatus-canastra na Reserva Biológica de Sooretama (RBS) e Reserva Natural Vale (RNV), ambas no Espírito Santo (ES), além do Parque Estadual do Rio Doce (PERD), em Minas Gerais (MG).

Existe a possibilidade de que tais áreas sejam os últimos refúgios para a espécie na Mata Atlântica. Por essa razão, o projeto avançou com seus estudos para essas reservas. O objetivo foi estudar e conhecer melhor as populações residentes nessa região, qual o seu comportamento e estado de conservação para avaliar a viabilidade das populações a longo prazo, assim como conduzir programas de conservação para essa espécie.

Na região, a equipe ainda realizou treinamentos para 5 alunos, 18 guardas florestais da Reserva Biológica de Sooretama e da Reserva Natural Vale, 2 diretores de parque e 6 bombeiros.

Nos trabalhos de campo foram encontradas 21 tocas, e 18 delas passaram a ser monitoradas com armadilhas fotográficas. Ao todo, 28 espécies foram documentadas usando as tocas. No entanto, apenas dois tatus-canastra adultos foram registrados. Em 2019, o projeto na Mata Atlântica será ampliado para outras áreas.

Os mapas de ocorrência dos tatus no Cerrado e na Mata Atlântica foram divulgados às autoridades locais com vistas a propor a criação de áreas protegidas. Com base nos dados, o projeto busca colaborar para que a tomada de decisão sobre o habitat leve em consideração as principais áreas prioritárias para tatus-canastra.

Fotos: Arquivo projeto Tatu-Canastra
Fotos: Arquivo projeto Tatu-Canastra

Zoológico americano terá recinto dedicado ao Pantanal

O centenário do Zoológico de Houston (Texas, Estados Unidos), em 2022, contará com uma série de comemorações e novidades. Uma delas será a reestruturação do zoológico com a inauguração de diversos novos recintos, inclusive um dedicado exclusivamente ao bioma Pantanal. E isso tem muito a ver com o IPÊ e os projetos Anta e Tatu-Canastra. O zoo de Houston vem apoiando a INCAB há 18 anos e o projeto Tatu-Canastra desde 2013, e as equipes dos projetos estão envolvidas no processo de concepção e design do novo recinto. Por meio do projeto Bandeiras e Rodovias, pesquisadores do IPÊ e do ICAS buscam entender e quantificar os impactos das estradas na sobrevivência, estrutura populacional e saúde dos tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridáctila) e, assim, definir estratégias de gestão de paisagens e estradas para prevenir potenciais extinções.

TAMANDUÁ-BANDEIRA – AÇÕES CONTRA ATROPELAMENTOS

Por meio do projeto Bandeiras e Rodovias, pesquisadores do IPÊ e do ICAS buscam entender e quantificar os impactos das estradas na sobrevivência, estrutura populacional e saúde dos tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridáctila) e, assim, definir estratégias de gestão de paisagens e estradas para prevenir potenciais extinções.

Nas pesquisas realizadas em rodovias, foram registradas 6.775 mortes de fauna. Estas incluem 1.060 tatus-peba, 484 tatus-galinha, 462 tamanduás-bandeira, 371 tamanduás-mirins, 44 tatus-de-rabo-mole e 6 tatus-canastra. Também foram coletadas amostras de tecido e sangue de 911 animais e 95 necropsias foram realizadas.

Em 2018, um total de 1.337 km de rodovias foram pesquisadas a cada duas semanas, totalizando 61.688 km de pesquisa.

Foto: Tim Tetzlaff

Veja outros destaques do nosso projeto com o tamanduá-bandeira

  • Em seis expedições de campo, foram capturados 44 tamanduás-bandeira para monitoramento via rádio-colar.
  • Mais de 100 entrevistas foram feitas com moradores rurais e caminhoneiros medindo as percepções das pessoas em relação à espécie.
  • O projeto realizou um simpósio sobre a saúde do tamanduá-bandeira, um workshop de planejamento estratégico e apresentações em conferências.

Livro infantil busca desmistificar o tamanduá-bandeira

Produzido pelo projeto Bandeiras e Rodovias, do ICAS, em parceria com o IPÊ, o livro O Incrível Tamanduá-Bandeira leva informação a crianças e jovens sobre a importância da espécie, sua ecologia e comportamento.

Um dos objetivos é desmistificar o animal. Além das altas velocidades nas estradas, muitos dos atropelamentos dos tamanduás ocorrem em função de crenças populares de que ele atrai mau agouro. Há quem acredite que, ao cruzar com um desses bichos, a sorte só volte se bater no focinho dele. A publicação conta também com um Manual do Professor, com atividades para serem executadas em sala de aula com os alunos. Leia mais sobre o livro aqui.